O transtorno do espectro autista (TEA) abrange diferentes síndromes com características em comum, tais como: dificuldades de comunicação, interação social e padrões de comportamentos restritivos e repetitivos. Alguns estudos post-mortem do tecido cerebral sugerem evidências de inflamação neural como patogênese específica para TEA, ativação neuro-glial e marcadores de inflamação neural no cérebro, desorganização neuronal no neocórtex , hiperativação de micróglias e genes que regulam inflamação, ativação autoimune, inflamação sistêmica e déficits de drenagem linfática meníngea devido à infecção ou inflamação crônica. Além disso, há que se considerar fatores ambientais tais como substâncias tóxicas, porém ainda desconhecidos.
Tem sido sugerido que grande parte dos sintomas poderia ocorrer quando a livre circulação do líquido cefalorraquidiano é impedida, hipoteticamente incluindo disfunção neurocomportamental.
Através dessas supostas características, a Osteopatia poderia contribuir atenuando alguns sintomas do TEA. Situação já descrita por Upledger na década de 1970. O conceito atua o tratamento direto no sistema fascial e fluídico. O ritmo crânio sacral poderia ser uma dessas contribuições já que a inflação e deflação do encéfalo e medula espinal poderiam refletir na produção, movimento e reabsorção do fluído cérebro espinal. Hipoteticamente, a limitação desse fluído poderia provocar alguns sintomas, dentre eles, a disfunção neurocomportamental.
Através desse contexto, Kratz et al (2016), elaboraram um estudo documental que consistia analisar o tratamento osteopático em crianças com TEA. Para isso, foi utilizada uma avaliação padronizada CARS 2 (Childhood Autism Rating Scale) que consiste na distinção de casos de autismo avaliando itens como relação pessoal, imitação, resposta emocional, comunicação dentre outros.
Foram analisadas 292 crianças com TEA em diferentes partes do mundo, a maioria nos EUA. A ideia era tratar o indivíduo, por isso, algumas disfunções em comum foram encontradas: restrições fasciais viscerais, diafragmáticas, desordens somato emocionais, restrições no sistema membranoso e fluídico. Isso sugere, como é caracterizado pela filosofia osteopática que o tratamento sempre deve ser baseado em cada criança e não baseado em protocolos. Após o tratamento proposto foi observado melhora em alguns sintomas entre 2 a 5 sessões através da percepção dos pais das crianças e dos terapeutas que aplicaram o tratamento.
Os sintomas nos quais foram observadas mudanças mais significativas foram: comportamento geral, função cognitiva, comunicação, reação sensorial, habilidades sociais e estabilidade emocional.
Isso sugere que restrições membranosas podem ser sinônimo de uma resposta inflamatória no SNC, já que nesse estudo foram encontradas muitas restrições nesse sistema. Dessa forma, são achados iniciais que a Osteopatia pode ser uma alternativa viável ou um complemento no tratamento padronizado do TEA. Todavia, é importante ressaltar a importância de novos estudos com grupo controle e posteriormente uma meta-análise.
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