O tema disfunção somática é muito discutido dentro da Osteopatia. Quais são as causas? O que a mantém? Geram sintomas? Quais são as alterações histológicas, funcionais, químicas no local e em outros tecidos? Qual é o tecido responsável pela sua manutenção?
A partir destas perguntas diversos estudos foram realizados e houve significativa evolução no entendimento da disfunção.
A definição de disfunção somática, pelo Glossário de terminologia osteopática, é:
“É a função alterada ou debilitada dos componentes relacionados ao sistema somático: esqueleto, articulações e estruturas fasciais, e elementos vasculares, linfáticos e neurais relacionados.”
Em 1947, Denslow definiu: “Uma lesão osteopática vertebral representa um segmento medular facilitado, mantido nesse estado por impulsos de origem endógena que penetram na raiz dorsal correspondente. Todas as estruturas que recebem fibras nervosas eferentes desse segmento estão, consequentemente, potencialmente expostas à excessiva excitação ou inibição”.
Foi um importante marco para o entendimento do que tratavam os osteopatas na época, com fortes bases neurofisiológicas.
Mais tarde, com a evolução das descobertas científicas e mantendo as bases neurofisiológicas, Van Buskirk (1990), corroborado por Fryer (1999), sugeriu o modelo nociceptivo da disfunção somática, propondo que eram os nociceptores presentes nos tecidos os responsáveis por manter a tensão muscular e, consequentemente, a restrição tecidual. Para esses autores, a disfunção somática estaria envolvida com uma “inflamação neurogênica”.
Atualmente, também seguindo a evolução científica, foi proposto o modelo neurofasciogênico da disfunção somática (Tozzi, 2015), sendo o mais aceito dentro da comunidade osteopática atualmente.
No modelo eurofasciogênico, além de distúrbios funcionais neurológicos, a fáscia, como o próprio nome do modelo sugere, seria o tecido responsável por manter a disfunção. Isto ocorre, pois ocorreriam alterações em algumas de suas características como sua arquitetura (Langevin, 2006), sua contratilidade (Schleip, 2005), seu PH (Craig, 2002) e sua viscoelasticidade (Kirilova, 2012).
Estas alterações justificam o TART (tenderness, assimetry, range of motion modified and tissue texture changes) que os osteopatas encontram quando realizam os testes palpatórios e definem o local, o tecido e a direção da disfunção somática.
Tozzi, Paolo. “A unifying neuro-fasciagenic model of somatic dysfunction–Underlying mechanisms and treatment–Part I.” Journal of bodywork and movement therapies 19.2 (2015): 310-326.
Van Buskirk, RICHARD L. “Nociceptive reflexes and the somatic dysfunction: a model.” The Journal of the American Osteopathic Association 90.9 (1990): 792-792.
Fryer, Gary. Somatic dysfunction: updating the concept. Diss. Australian Osteopathic Association, 1999.
Entre em contato com o CBO!