Segundo a Organização Mundial da Saúde (2020), 40% dos casos de covid-19 desenvolvem sintomas leves como febre, tosse, dispneia, mialgia, artralgia, odinofagia, fadiga, diarreia e dor de cabeça, enquanto que, 40% apresentam sintomas moderados como pneumonia, 15% desenvolvem manifestações graves como pneumonias graves e 5% apresentam quadros críticos com diversas complicações como insuficiência respiratória, síndrome do desconforto respiratório agudo (sdra), sepse e choque séptico, tromboembolismo e distúrbios de coagulação e/ou insuficiência de múltiplos órgãos, incluindo insuficiência renal aguda, insuficiência hepática, insuficiência cardíaca, choque cardiogênico, miocardite, entre outros.
Diante disso, pós COVID-19 podem persistir sequelas que, segundo a OMS (2020), podem atingir o sistema respiratório devido o desenvolvimento de fibrose pulmonar, o sistema cardiovascular devido a lesões miocárdicas, sequelas neuropsiquiátricas devido ao declínio cognitivo de longo prazo e sequelas psicológicas devido ao medo e isolamento social, ficando evidente a necessidade desse paciente ter uma proposta global de intervenção.
Entre as abordagens integrativas que podem auxiliar na recuperação desse paciente pós COVID-19, destaca-se a proposta da Osteopatia. No início da década de 1980, o Conselho Educacional de Princípios Osteopáticos (Educational Council on Osteopathic Principle – ECOP) publicou os cinco modelos conceituais relacionados à atuação da Osteopatia (Hruby, 2017). Esses 5 modelos são o biomecânico-estrutural, o neurológico, o respiratório-circulatório, o metabólico-funcional e o comportamento-biopsicossocial. Cada um desses modelos expressa metodologias distintas de diagnóstico e tratamento, que quando unidas, demonstram a proposta da Osteopatia centrada no indíviduo. Nesse sentido, a proposta da Osteopatia é buscar, através da terapia manual, oferecer o máximo equilíbrio ao sistema na busca pela saúde (Bortolazzzo, 2020).
Diversos evidências isoladas, se unidas em uma proposta terapêutica baseada pelos 5 modelos, reforçam essa possibilidade.
Hodge et al. (2007) demonstraram que técnicas de bombeamento linfático melhoram a captação da linfa no sistema linfático e aumentam o fluxo linfático e a circulação de leucócitos.
Hodge et al. (2010) demonstraram que o bombeamento linfático no abdome de animais estimula a liberação de células imunológicas dos linfonodos.
Santos et al. (2015) evidenciaram melhora na mobilidade torácica e na função pulmonar após realizar manipulação na região torácica e técnica muscular para os músculos peitorais.
Sleszynski e Kelso (1993) demonstraram que as técnicas de bombeamento linfático em pacientes hospitalizados após realizarem colecistectomia tiveram uma melhora mais rápida na capacidade vital ventilatória e volume expiratório se comparado com o grupo que recebeu treinamento tradicional com espirometria.
Giles et al. (2013) demonstraram alteração na variabilidade da frequência cardíaca através de dados eletrocardiográficos após realizarem técnicas para a região cervical por influenciar o sistema nervoso autônomo.
Spiegal et al. (2003) descobriram que a terapia manual osteopática normalizou a pressão arterial anormal e creditaram esse feito a principalmente com a manipulação craniana.
Cox et al. (1983) encontraram uma alta correlação entre doença arterial coronariana e anormalidades na amplitude de movimento e mudanças na textura do tecido mole na região torácica.
Racca et al. (2017) evidenciaram, em um estudo aleatorizado e controlado, que o tratamento Osteopático melhora os resultados da cirurgia cardíaca em diversos aspectos funcionais do coração.
Rocha et al. (2020) através de técnicas de liberação do diafragma pode reduzir a frequência cardíaca média de repouso e aumentar a variabilidade da frequência cardíaca imediatamente após a intervenção.
Frente ao exposto, existem boas evidências que a Osteopatia pode ajudar os pacientes na recuperação das sequelas pós COVID-19, melhorando a capacidade do sistema a se ajustar na busca pelo equilíbrio.
Texto: Prof. Hugo Pasin
REFERÊNCIAS
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